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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ética Automobilística I

Realidade vs Ficção. Essa é a relação entre o que vivemos quando saímos às ruas e quando ligamos a tv e vemos um dos zilhões de novos comerciais de carros lançados no mercado.

Vivo na capital do Rio de Janeiro. Apesar de hoje em dia isso não ser mais definidor da questão aqui abordada, pois percorro diversas pequenas cidades e me vejo preso em trânsitos, ar poluído, carros a toda velocidade, etc... Um exemplo concreto (sem trocadilho): Quem já foi, está, ou ainda vai para Ouro Preto (cidade histórica, importante e linda de MG) pode perceber o que estou falando. Cidade turística de pequeno porte, mas que não está mais suportando a quantidade de carros, motos e ônibus dentro dela, principalmente o centro. O cheiro da fumaça é insuportável, os carros não te deixam mais passear à vontade, a vista não é mais a mesma com tanto carro estacionado e circulando. Isso Ouro Preto. Cidade pequena. Agora voltamos ao Rio de Janeiro, que também é turística, no entanto é MUITO maior que a cidade mineira.

As ruas hoje em dia são moldadas por carros! Não existe mais espaço onde não tenha carros estacionados. As calçadas não são mais traçadas pelas guias, mas sim por carros. Vivemos sob o domínio do som. Do som dos automóveis, do trânsito (e dos canteiros de obras!!! Aaaahh!!! Tem um prédio sendo construído do meu lado!!!! rs). O cheiro de poluição fica impregnado em nossas roupas e cabelos quando voltamos para casa (um fumante talvez não perceba isso.... rs).

A violência no trânsito é um problema cada vez maior e mais sério em nosso país. Atravessar uma rua no sinal fechado para os carros hoje em dia se tornou um risco também. Temos que esperar bem atentos para cruzar a faixa. Tempos atrás (sem querer ser nostálgico, até porque não tenho idade para isso e não gosto de nostalgia) marcávamos os momentos de trânsito por horários de pico e datas do ano. Hoje não mais. Toda hora é de pico e todo dia tem seus motivos para o trânsito ficar parado. Seja por obra, por acidente ou por fluxo mesmo.

Essa é a nossa realidade. Apenas quero refletir sobre isso. Não quero ser ranzinza e chato, mas tá foda!!

Aí que entra o mundo da ficção. Quando voltamos desse inferno urbano pós-moderno seja lá mais o que for isso, sentamos nossas bundas no sofá e ligamos a tv (eu cada vez menos faço isso. Ela está mentindo demais para mim, e ainda dá umas risadinhas na minha cara) assistimos coisa desse tipo:



Tudo bem, o comercial é "engraçado", isso e aquilo. Mas vem cá... tá vendendo carro ou disco? De novo, tudo bem. Como estão vendendo carro eles mostram todo o design e desempenho. Mas péra lá! Carro não se coloca no armário e nem se deixa só na garagem. Você o usa nas ruas, junto com (infelizmente) vários outros carros, pessoas, transporte público. Esse carro emite ruído, poluição, etc... Não imagino um comercial de carro diferente ou que me mostre todos esses problemas, senão não venderia.

E posso, em parte até concordar. Imagine uma situação muito normal entre os seres humanos: Eu sou um cara boa pinta, legal, inteligente, contudo também tenho defeitos e problemas, mas quero conquistar uma garota. Fica quase óbvio que ao abordar e conhecer a moça não irei falar e mostrar esses meus defeios e problemas... não é?! Então, da mesma forma, imagino eu, os donos das marcas de carros e marketeiros façam a mesma coisa. Mas será que eles estão certos? Será que a situação é a mesma? Será que a responsabilidade aí incutida vale para ambas as situações? E a ética? Ainda existe isso? Eu acho que sim. Por isso o post. Não sou marketeiro e nem especialista em carros, por isso não me venham me perguntar que comercial fazer e como fazer para vender carros sendo ético e responsável socialmente. Até porque eu diria para não se vender mais carro na quantidade que se vende e muito menos com combustíveis que poluam.

A única ética que funciona para eles (atenção!! momento lugar comum!! rs) é a ética do lucro! Mas não deveria ser. Podem ter lucro? Podem. Mas assim? Eu acho que não deveria ser. Não confio e não gosto das pessoas que preferem os fins aos meios. O mundo é o que é muito por esse tipo de indivíduo, que para ele os fins justificam os meios. E tudo vira uma pseudo festa. "Eeeeeee!! Tá tudo bem!! O mundo é assim mesmo!! Parem de ser chatos, certinhos!! Conquistem o de vocês! Eu conquistei o meu!! Me deixem!" Esse papo não dá mais.

Outro lado dentro dessa ficção, desse espetáculo da mentira e usura está nos próprios meios de comunicação! Ah! Sempre eles!!! rs
Não param de noticiar a violência no trânsito, as ruas e avenidas paradas são sempre matéria diária nos telejornais...



poluição, então, entrou de vez na pauta...



mas na hora dos intervalos comercias dessas mesmas emissoras o que mais aparece???? O quê?? O quê?? Claro, além de cerveja, casas bahia, bunda e celular.............. Comercial de carro!!!



Então acho que é isso. Cada um com seu cada um. Mas o meu cada um é estar de saco cheio de tanta mentira, tanto carro, tanta poluição, tanto trânsito... ... por isso meter pau nisso tudo, fazer a gente discutir mais é minha vontade. Ver o que queremos e pra onde queremos ir... Não vejo o carro como um problema. Pelo contrário. Uma evolução da sociedade. Nossas conquistas estão diretamente relacionadas a velocidade com que conseguimos nos transportar e os carros nos ajudaram muito nisso. Porém, vejo duas questões principais nisso tudo: Primeiro é o uso dos combustíveis. Já é mais que viável e possivel usar formas NÃO poulidoras (elétrico, ar, água, etc...). O segundo ponto são os meios de comunicação junto com as empresas de publicidade (claro, junto com as empresas automobilíticas) que criam e veiculam essas mentiras "engraçadinhas" e "bem boladas", cheio de efeitos e criatividade, mas que não têm nenhum comprometimento com a realidade e com a sociedade. Tá na hora de ficar claro que o mercado não deve ter essa autonomia desvinculada de suas responsabilidades éticas sociais, humanas. Até por que na hora do lucro a sociedade (representada por um Estado) deve se manter o mais distante possível, para não atrapalhar e criar "suas ditaduras comunistas maléficas", mas na hora do quebra-quebra, das crises financeiras (que pra mim não passam de lorota. Alguém deve estar rindo muito da gente no meio dessas crises) o mercado vem mansinho pedir empréstimos para a sociedade.

Bônus para eles. ônus para a gente.

Chega.

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